quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Carta Manifesto Da Comunidade Grêmio Arena Oficial

Através desta carta manifesto, a torcida do Grêmio vem declarar indignação e repúdio a escolha e manutenção do estádio Beira Rio como sede da Copa do Mundo. Ficamos envergonhados pela falta de profissionalismo e incompetência observados no processo de escolha do estádio sede, sem avaliação técnica ou econômica do projeto escolhido e das possíveis alternativas. A cada dia que passa, estamos mais estarrecidos com o desenrolar dessa equivocada decisão, que compromete a participação da cidade de Porto Alegre nos grandes eventos da FIFA que serão realizados no Brasil.

As dúvidas quanto à parceria e total falta de planejamento, compromisso e clareza por parte do SCI na administração da reforma do estádio são motivos mais do que suficientes para qualquer gestor público buscar alternativas para a realização das competições na cidade. Mas os problemas observados foram ignorados e minimizados desde o final de 2010. Para espanto de uma minoria ciente dos desmandos que aconteceram (e ainda se sucedem), nossas autoridades se abraçam firmemente à causa “Beira Rio na Copa”, mesmo com o iminente corte da Copa das Confederações.

Se nossa cidade não tivesse alternativa, até seria louvável o esforço de nossos representantes públicos. Porém, nossa cidade contará com outro estádio no final de 2012. Será maior que o Beira Rio, novo e dentro de todos os padrões necessários para a realização das competições FIFA. Como se não bastasse, seu entorno necessitará um investimento menor do que o orçado no Beira Rio, e estará pronto dentro do prazo para a realização da Copa das Confederações, mesmo com isenções fiscais muito inferiores às concedidas ao estádio da Padre Cacique. A insistência das autoridades em manter o Beira Rio como sede da Copa do Mundo é inexplicável, e ofende os gaúchos pelo despropósito e pelo descaso com o dinheiro público utilizado na reforma do estádio. Muito mais lógico, prático e econômico seria redirecionar os investimentos do Beira Rio para a Arena.

Políticos renomados falam em “falta de tempo” para alteração dos investimentos em infra-estrutura. Estranho, as obras públicas para a Copa em Porto Alegre foram apresentadas em setembro de 2011, e nem saíram do papel! Qual a dificuldade de mudar os investimentos públicos para a Copa, se as obras de infra-estrutura nem começaram? No dia 14 de setembro, recursos para obras da matriz de responsabilidades da Copa do Mundo 2014 tiveram destino modificado pelo Secretário da Copa João Bosco Vaz. O Secretário da Copa decidiu que não usaria 30 milhões no corredor de ônibus da Assis Brasil, e TRANSFERIU este dinheiro para obras na Avenida João Pessoa. Logo, mudanças nos investimentos são possíveis, sim!

Só para lembrar, o Bairro Humaitá também faz parte de Porto Alegre, e historicamente recebeu muito menos investimento do que o entorno do Beira Rio, constantemente agraciado com obras públicas. Seria um verdadeiro legado para a cidade: a revitalização do Bairro Humaitá, que é o elo entre a capital do estado, serra, fronteira oeste e litoral. Um verdadeiro cartão de visita da cidade!

Outro desrespeito ao contribuinte foi (e ainda é) protagonizado por parte da imprensa, que se diz isenta, mas despertou para as dificuldades de Porto Alegre como sede da Copa do Mundo no tardio setembro de 2011. A situação cambaleante da cidade e do estádio escolhido já era visível desde o final de 2010. Como num passe de mágica, justiceiros travestidos de jornalistas arrumaram um culpado para o fracasso de nossa cidade, e sobrou para a empreiteira “parceira” (ainda sem contrato assinado). A imprensa, juntamente com o poder público, foi incapaz de assumir a responsabilidade pela sua omissão nas questões relacionadas à reforma do Beira Rio. Na “caça a bruxas”, o argumento utilizado por políticos e jornalistas foi que a empreiteira estaria prejudicando Porto Alegre e o Rio Grande do Sul com muita morosidade na avaliação do contrato.

Ora, quem assumiu o compromisso com a cidade, estado, país, CBF e FIFA foi o Internacional! O SCI sabe que o Beira Rio sediaria as Copas das Confederações e do Mundo desde 2009, e a AG somente foi aprovada pelo conselho colorado como parceira em maio de 2011. A culpa é de quem? Da construtora escolhida em maio de 2011, ou do Internacional, que demorou dois anos para optar por esse modelo de reforma?

No fundo, só queremos e exigimos o que nos prometeram: “Copa do Mundo e Copa das Confederações em POA!”. Mas, os caminhos pelos quais políticos ilustres e membros da imprensa estão trilhando para chegar a este objetivo, além de não serem os mais lógicos, práticos e econômicos, também não são os mais éticos!

Agora, que o contrato está novamente nas mãos do SCI, haverá pressão de políticos e da imprensa para que a assinatura ocorra rapidamente e Porto Alegre e Rio Grande do Sul não sejam prejudicados?

A torcida do Grêmio, reconhecidamente a maior do Rio Grande do Sul, afirma que não se esquecerá da atitude covarde das autoridades e da imprensa nos últimos meses, principalmente nos últimos dias, onde muitas ações norteadas pelo CLUBISMO E DESPROVIDAS DE BOM SENSO afastaram (e afastam) as mais importantes competições da FIFA do nosso estado, e não apontam os verdadeiros responsáveis pelas dificuldades da realização da Copa das Confederações em Porto Alegre. Se insistirem no Beira Rio, a Copa das Confederações estará perdida, mesmo com a assinatura do contrato entre SCI e AG. Se o contrato não for assinado, a Copa do Mundo também estará comprometida. Pensem bem, ainda há tempo para mudanças!

Caso a postura de nossas autoridades não mude, restarão frustração e indignação despidas de cores e clubismo, pois a imagem de todos os gaúchos estará manchada.

Um último recado aos políticos Adão Villaverde, Henrique Fontana, Manuela D'ávila, Dilma Rousseff, Tarso Genro, João Bosco Vaz, José Fortunatti (gremista e conselheiro do clube), Beto Albuquerque, Flavio Koutzii, e João Motta...

“Vocês realmente acham que só os colorados votarão na próxima eleição?!”

Atenciosamente,