terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Copa Das Confederações Em Porto Alegre. Ainda Dá?

Este foi o discurso do presidente Paulo Odone hoje, na Assembléia Legislativa, a respeito da Copa das Confederações no Rio Grande do Sul:

"PARA CRESCER, O RIO GRANDE PRECISA DEIXAR DE SER CARANGUEJO!

Para falar aqui, hoje, dispo-me da condição de representar uma facção do esporte gaúcho. Falo como dirigente esportista e como Deputado, interessado e responsável pela defesa de questões que importam a todo o Rio Grande.

Assim, posso afirmar que, muito mais do que uma iniciativa ligada a um clube, o conjunto da ARENA do Grêmio significa o maior empreendimento dos últimos anos no Estado, depois dos investimentos que estão sendo feitos no Porto de Rio Grande.

É uma das peças fundamentais, entre outras, na lutaque nós, os gaúchos, estamos travando, nesse momento, para que uma realidade positiva, uma boa energia, se instale na Capital e no Estado, a fim de que o Rio Grande possa reerguer definitivamente as bandeiras da competência e do protagonismo que no passado identificaram o povo gaúcho de forma precursora.

Nunca é demais lembrar a repercussão social e econômica que esse tipo de empreendimento estabele na história das cidades. Várias cidades no mundo - Barcelona e Lisboa são exemplos - foram revitalizadas ao investir em projetos semelhantes ao da ARENA.

Às vezes parece que isso é desprezado ou propositalmente esquecido e o que vem à tona quando os princípios essenciais se perdem são picuinhas pontuais que nada contribuem para que as coisas avancem.

Com a ARENA do Grêmio, o Bairro Humaitá, historicamente esquecido e hoje, completamente degradado, será revitalizado. Haverá geração de empregos e renda, pois a ARENA contará com shopping, restaurantes, bares, centro de convenções e serviços de hotelaria que funcionarão todos os dias da semana, atraindo pessoas e movimentando a vida econômica e cultural da cidade. Grandes espetáculos poderão vir ao Estado, pois hoje carecemos de infra-estrutura para tais eventos. A cidade contará com um complexo esportivo de padrão mundial, o que por si só será, também, um atrativo para o turismo. Enfim, a ARENA será um grande estimulador da vida em todas as suas instâncias.

Quem pode ser contra isso?

A ARENA não é um projeto apenas futebolístico. É um projeto de alta amplitude social e emancipatória. A ARENA vai mudar a cara de Porto Alegre mais do que mudaram a cara da nossa cidade empreendimentos como o Shopping Iguatemi, o Museu Iberê Camargo, o Barra Shopping e tantos outros que a partir de seu funcionamento, trouxeram melhores oportunidades de vida para as pessoas estabelecendo, no seu entorno, novos conceitos de vida urbana. Não se pode ser contra isso, senhoras e senhores, não se pode ser contra o avanço social. Nós, políticos, homens públicos, a despeito de nossas convicções, precisamos saber onde estão as oportunidades de melhoras coletivas, estejam elas nos movimentos comunitários, estejam nos grandes empreendimentos.

Construir esse sonho exigiu dos envolvidos esforço descomunal. Um por um dos obstáculos foram sendo vencidos e isso só foi possível com a formação de uma grande rede de parcerias institucionais que incluiu essa Casa, nossa bancada federal, os Governos Estadual e Federal e, sobretudo, a comunidade.

Hoje, estamos num momento crítico e em função disso, vim a campo, para esclarecer as coisas e para dizer que, sejam quais forem as motivações para ser contrário a esse projeto, nunca podemos perder de vista a importância dele para a cidade e para o Estado.

Em relação à ARENA, é preciso que se esclareça que o investimento é um investimento privado, à dessemelhança de outros Estados onde são gastos milhões em estádios públicos. Também é preciso que se diga que Grêmio e o Internacional receberam o tratamento adequado em relação ao ICMS, que foi igual para os dois. Já o Grêmio teve vetada a isenção do IPI, mas manteve o empreendimento.

Politicamente, os preparativos para receber a Copa do Mundo em nosso Estado têm servido para a realização de um desejo da população. Esse desejo, expresso nas urnas, inclusive, é o de uma trégua na briga política, já quase folclórica, eu diria, é o de uma pausa nos eternos antagonismos, em favor da concentração das energias no estabelecimento de conquistas econômicas e sociais para o Rio Grande.

Como Secretário Estadual da Copa, coube-me uma tarefa importante nessa questão. Certo de que as melhorias para receber o Mundial poderiam se tornar um legado permanente para os gaúchos, percorri o Estado no esforço para que todos, sem distinção, pudessem entender e capitalizar a oportunidade do momento e exigir comprometimento das lideranças políticas.

Nesse sentido, vivemos um bom momento, com relativa paz política, cooperação e concentração de todos nas nossas antigas demandas como o Cais do Porto, a Travessia do Guaíba, a ampliação da disponibilidade de energia elétrica, questões que se movimentaram favoravelmente.

Hoje precisamos realinhar nossas forças e para isso, esse Grande Expediente. Estamos a perigo. Há riscos concretos à vista, mas o maior deles, talvez, é o de que novamente nos deixemos tomar pelos antagonismos, pela fúria das paixões e, por meio desta péssima conselheira, troquemos nosso dever cívico de lutarmos pelas coisas de nossa terra pelos prazeres momentâneos ditados por mágoas ou ressentimento antigos que já deveriam estar desativados para o bem de todos. Não vamos deixar que a história do caranquejo, que puxa para baixo, de novo nos identifique. Não podemos ser caranquejos e essa narrativa não pode se tornar a narrativa símbolo de nosso Estado. Caranquejos, não!

O Rio Grande não pode se encolher nessa hora. Está faltando mobilização política no que realmente interessa. Os investimentos do Poder Público em relação à Copa do Mundo estão atrasados. Temos problemas. Em relação à ARENA, se as verbas necessárias para as obras viárias no seu entorno não chegarem até março, elas não ficarão prontas no momento da inauguração do estádio.

O problema da mobilidade urbana no Humaitá precisa ser resolvido. A Arena foi planejada no Humaitá, entrada da cidade, pois lá, segundo o Plano Diretor de POA, está o corredor de desenvolvimento da cidade. A Arena é um dos vários empreendimentos previstos para esse Bairro, além da chegada da BR 448 (Rodovia do Parque) e da segunda Ponte do Guaíba, além do trânsito proveniente da BR 116.

Não se pode colocar sob responsabilidade do Projeto Arena a falta de investimentos no Humaitá nos últimos 40 anos, muito menos ignorar o impacto no trânsito que as BRs 448 e 116 e a segunda ponte do Guaíba trarão para aquela região.

Além disso corremos o maior dos riscos, o risco de não recebermos a Copa. Por quê? Por que nos falta Mobilização Política. E o que é pior, nos sobra má vontade e oposição inconseqüente. Na Bahia, o Governador Jaques Wagner arregimentou o esforço político e popular e foram à luta, pressionando, exigindo. E levaram. Os recursos foram aumentados e isso incluiu a Bahia na Taça das Confederações.

E nós, Deputados gaúchos? E nós? O que estamos fazendo?

A perda da Copa das Confederações, em 2013, trará prejuízo para TODO o Estado, pois muitas cidades receberiam seleções e turistas, em especial do Uruguai, atual campeão da América e nosso vizinho, que certamente ficaria aqui no Estado. E se o Inter não conseguir resolver sua questão em relação ao estádio, temos plano B ou atiramos a toalha? Quem paga depois o preço dessa omissão? O que queremos para nosso Estado? Protagonismo ou atraso? Por que não nos mobilizamos nesse momento e fazemos a diferença?

Precisamos compreender algo: relações políticas amadurecidas produzem resultados positivos em todos os sentidos.

O Rio Grande merece uma atitude madura e consequente de sua classe política e o momento é esse. Momento de aproveitarmos a onda e jogarmos tudo na retomada de nosso lugar como referência política, cultural e econômica. Porto Alegre pode ser melhor ainda, mais moderna, mais segura, independentemente do partido que assumir a prefeitura.

Façamos nossa parte, senhores Deputados, nesse momento, e quem sabe, depois, poderemos retomar, em outro patamar, os debates e as discussões, que tanto nos arrebatam. Mas façamos a nossa parte! Agora! Depois será tarde demais.

Muito Obrigado"